segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ressonâncias do 1º Encontro da Família Orgânica, por Sônia Fardin

Celebrando encontros

Conheci a Família Orgânica em agosto de 2009, numa festa realizada na Fazenda Pereiras, um lugar que desafia o calendário, pois parece parado no tempo. Fui à festa acompanhando o José para apresentar a Compo, a composteria da Novaterra, que em 2009 estava no comecinho de sua história.

Nesse dia conheci o Pupin. Na verdade já o conhecia de outras atividades, mas foi aquele Pupin, que (re)conheci vibrante sob seu chapéu, que despertou minha atenção. E logo que ele viu a composteira disse: “Isso que vocês fazem tem tudo em comum com a filosofia da Família Orgânica”. O que mais me marcou naquele momento foi que Pupin sempre usava a palavra você no plural. Hoje eu entendo por que.

Aquele foi um dia especial. Fiquei encantada com o lugar, com o entusiasmo das pessoas e com a energia daquela festa. Tudo aquilo parecia situar-se numa curva do tempo; pois, se sob certo olhar estávamos envoltos num cenário que lembrava o passado, sob outro olhar mais apurado aquele evento era regido por uma lógica que remetia ao futuro. Pareceu-me ser um acontecimento que deveria ser registrado. Fiz então, de forma amadora, alguns vídeos e fotos.
Desde então acompanho a distância a história da Família Orgânica e mais de perto a trajetória da parceria com a Novaterra. Nesses dois anos foram muitas as Compos, as pesquisas do José para entender as minhocas, as feiras na praça do coco e os eventos para divulgar a compostagem, dos quais também fiz alguns registros amadores.

No último dia dois de julho tive a alegria de participar do I Encontro de Produtores e Parceiros da Família Orgânica, desta vez no sítio Lírio d’água, outro lugar mágico.

Este foi um encontro mais intimista, realizado para comemorar os cinco anos de Família Orgânica, mas acho que a palavra que realmente sintetiza o que vivenciamos nesse dia é celebração.
Nessa celebração conheci Alejandra, que, com seu jeito especial, rememorou a história da Família Orgânica e a de todos os que em algum momento fizeram parte dessa família. Os parceiros presentes, quando citados, foram convidados a falar de suas trajetórias. Estavam lá, além de Pupin, Alejandra, Immi e Guido da Família Orgânica, Joel e Sandra do sítio JB, Robson e Mariana da Equilibrium, Adenilson que faz o apoio nas entregas em São Paulo, Marco Antônio e Denise do Sítio Lírio d’água, Zé Barattino, Cleber e Felipe do Hotel Emiliano, Alexandre do Sítio Gralha Azul, Daniela e Cacá do Aromas de Carvalho e José e eu pela Novaterra Ambiental.

Ouvir as memórias narradas por Alejandra e as histórias dos parceiros da Família Orgânica foi muito emocionante, pois as narrativas apresentaram muito mais do que relatos de iniciativas e parcerias para a organização da produção e da distribuição de orgânicos; também foram muito além de referências a conceitos e idéias para a articulação de saberes e práticas que priorizam o respeito ao ser humano e que não se rendem à lógica da produção irresponsável e do lucro fácil e enganoso. 

Além disso tudo, a maioria das falas tinha uma marca comum: falavam de encontros e de histórias de amor e cumplicidade. Como são muitas as maneiras de amar, cada uma das histórias narradas traduzia uma forma especial das pessoas partilharem suas escolhas e seus sonhos. E foi ao ver Alejanda contando sua história que entendi porque Pupin sempre usa a palavra você no plural. Lembrei-me também de uma lenda que diz que os seres humanos são anjos de uma asa só, por isso, para tornarem-se completos e poder voar, necessitam sempre abraçar uns aos outros. E, quando muitos anjos se abraçam, tornam-se capazes de vôos tão altos que podem mesmo antecipar o futuro.

Sônia Fardin
Campinas, 04 de julho de 2011 

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